
Mais cinco casais de mutuns-do-sudeste ganham a oportunidade de restaurar a sua existência na Mata Atlântica. Esse fato se deve ao trabalho de soltura, realizado na última quinta-feira, 3 de julho, pela Sociedade de Pesquisa do Manejo e Reprodução da Fauna Silvestre (CRAX Brasil) e Cenibra em uma área de proteção do Parque Estadual do Rio Doce em Bom Jesus do Galho.
A iniciativa representa um marco significativo na conservação da espécie. Ao todo, 259 mutuns-do-sudeste já foram liberados na natureza desde o início do projeto. Segundo o presidente da CRAX Brasil, Roberto Azeredo, cada nova soltura reforça o compromisso de décadas com a recuperação e preservação do mutum-do-sudeste. ?Resultados consistentes como esses infelizmente também são raros, mas devem motivar outros projetos, pois mostra que é possível reverter a extinção?, afirma Roberto.
A soltura de casais de mutum propicia a reprodução e reforça a população da espécie no ambiente natural. ?Essas iniciativas fazem com que a comunidade de fauna local esteja cada vez mais próxima ao que era décadas atrás?, destaca Thales Claussem, analista ambiental da CENIBRA e responsável técnico do projeto Mutum.
Declarado como Patrimônio da Biodiversidade e Animal Símbolo do município de Ipaba), em 2024, o mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) desempenha papel fundamental como dispersor de sementes de frutos grandes, contribuindo diretamente para a regeneração e a conectividade de fragmentos florestais.
Projeto Mutum: 35 anos de conservação
Desde 1990, a Cenibra, em parceria com a CRAX Brasil, desenvolve o Projeto Mutum na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Macedônia, em Ipaba. O projeto tem como objetivo principal a reintrodução de aves silvestres ameaçadas de extinção em seu habitat natural.
O Projeto Mutum já reintroduziu mais de 500 aves de sete espécies diferentes na natureza: mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii), macuco (Tinamus solitarius), capoeira (Odontophorus capueira), jaó-do-sul (Crypturellus n. noctivagus), inhambuaçu (Crypturellus obsoletus), jacuaçu (Penelope obscura bronzina) e jacutinga (Aburria jacutinga). Esse trabalho pioneiro, aliado ao manejo sustentável e à educação ambiental, tornou-se referência nacional e internacional na conservação de cracídeos.
