
O jornalista Fernando Benedito Júnior está lançando o romance "O Grande Capitão das Terras Proibidas", que narra a história do militar francês Guido Marliére (1767-1836) e sua relação com indígenas das várias etnias que habitavam as margens setentrional e meridional do rio Doce, em Minas Gerais, no início do século XIX.
"O rio Doce, além das catástrofes ambientais, foi cenário de uma das maiores tragédias humanas da história do Brasil: o extermínio indígena a partir da guerra ofensiva iniciada por Dom João VI, em 1808. Sem paridade de armas, o conflito se utilizava de emboscadas, táticas de extermínio em massa, traições e engodos para eliminar os nativos, que o jargão colonial denominou de Botocudos e os indígenas de Aymorés", conta o autor.
INTRIGAS E PERFÍDIAS
Conforme Benedito, é neste contexto que o tenente Guido Thomaz Marliére, mais tarde nomeado capitão, Diretor Geral dos Índios e Comandante das Divisões Militares do Rio Doce, se interpõe no conflito entre brancos e indígenas, tomando o partido dos nativos e despertando a ira dos colonizadores. "Guido tinha um projeto de aldeamento e civilização, inspirado em conceitos humanistas e iluministas, que confrontava as táticas bélicas dos colonizadores portugueses. Sua rápida ascensão na carreira militar em Vila Rica e a nomeação como diretor-geral dos Índios e comandante das Divisões Militares despertou o ódio de seus inimigos e detratores que o denunciaram por enriquecimento ilícito, apoio aos levantes indígenas, espionagem em favor de Napoleão Bonaparte e alta traição", pontifica Fernando Benedito.
Após ser preso, julgado e absolvido no Rio de Janeiro, Marliére volta a Minas e se embrenha nas selvas do Rio Doce, em sua empreitada civilizatória junto aos nativos das etnias Xopotó, Coroados, Puris, Pataxós, Nanuques, Krenaks, Zamplans e várias outras que viviam às margens do rio Doce.
LEGADO HISTÓRICO
O Capitão Nherame, Grande Capitão ou Velho Capitão, no tratamento que lhe dispensavam os indígenas, por causa dos cabelos brancos, comandou as Divisões Militares até 1827. Durante este período contribuiu para a fundação da usina siderúrgica de seu conterrâneo João Monlevade, escreveu inúmeras crônicas e artigos, colaborou com grandes naturalistas, cientistas, etnólogos e pesquisadores estrangeiros que o visitavam; empreendeu inúmeras viagens exploratórias para estudar a navegabilidade do rio Doce e foi o responsável direto ou indireto pelo surgimento de diversas cidades, a partir dos quartéis das Divisões Militares ao longo do rio Doce em direção ao mar, Zona da Mata e outras regiões de Minas.
POLIFONIA
Segundo Fernando Benedito, ?O Grande Capitão das Terras Proibidas? é um romance escrito a muitas vozes. ?É o que tenho chamado de uma obra polifônica, que busca narrar a história a partir do ponto de vista do autor, mas também e principalmente dos indígenas; do próprio Guido Marliére, que legou um vasto material; dos viajantes europeus e colonizadores?, finaliza o autor.
SOBRE O AUTOR
Fernando Benedito Júnior, nasceu em Minas Gerais em 4 de fevereiro de 1963. É jornalista e autor do romance "O Laço Húngaro" (Prêmio BDMG de Literatura), sobre a passagem da Coluna Prestes em Minas Gerais; e dos romances "Relata Refero" e "Entre Paralelos e Meridianos".
Organizou e editou o ensaio "Notícias do Sertão do Rio Doce", que reúne textos de Guido Marliére sobre sua vivência com as diversas etnias indígenas de Minas no início do século XIX.
SERVIÇO
Livro: O Grande Capitão das Terras Proibidas
Gênero: Romance
Autor: Fernando Benedito Jr.
260 páginas
Editora: Clube de Autores
https://clubedeautores.com.br/livro/o-grande-capitao-das-terras-proibidas

