A Câmara Municipal de Ipatinga abriu, na última sexta-feira (28), um debate que vem ganhando urgência no Vale do Aço: a necessidade de um Hospital Regional. A audiência pública, proposta pelo vereador Léo Enfermeiro, reuniu deputados, prefeitos, Ministério Público e representantes da sociedade civil para discutir até que ponto a atual rede de saúde consegue ? ou não ? sustentar a demanda de uma macrorregião que já ultrapassa 700 mil habitantes. A superlotação crônica das unidades locais, que atendem dezenas de municípios, deu o tom do encontro.

Logo na abertura, Léo Enfermeiro ressaltou o cenário preocupante das unidades de urgência, marcado por improvisos e atendimentos nos corredores. Relatos de banhos de leito em espaços inadequados ilustraram a precariedade vivida diariamente por pacientes e servidores. Para o vereador, a mobilização busca colocar o Vale do Aço no mesmo patamar de outras regiões que já conquistaram seus hospitais regionais, defendendo uma articulação suprapartidária para garantir uma saúde mais digna e eficiente.

Os especialistas presentes reforçaram o diagnóstico: faltam ao menos 100 leitos ao SUS local, e o Hospital Márcio Cunha opera acima do limite há um ano, absorvendo demandas de até 35 cidades. Embora projetos como o "Hospital Dia", em construção em Santana do Paraíso, tenham sido destacados como avanço, ficou claro que ele não supre as necessidades de alta complexidade. O Ministério Público e lideranças técnicas defenderam um pacto regional para tirar o Hospital Regional do papel, alertando que a demanda cresce mais rápido do que as soluções provisórias conseguem acompanhar.

A audiência também abriu espaço para reivindicações sociais, como a denúncia da ASIPA sobre a falta de intérpretes de Libras na rede, problema que expõe a comunidade surda a riscos e erros de atendimento. Moradores reforçaram que a expansão da infraestrutura deve vir acompanhada de melhorias imediatas, citando até a falta de insumos básicos nas UPAs. Encerrando o encontro, Léo Enfermeiro classificou a audiência como um primeiro passo estratégico e afirmou que levará as demandas às esferas estadual e federal. A expectativa - e o recado político - é claro: o Vale do Aço não pode esperar mais para ter um hospital à altura de sua importância.